A autoestima tem um impacto significativo naquilo que são as nossas realizações e nas atividades em que nos envolvemos.
Influencia a forma como conseguimos estabelecer relações e estar mais abertos a novas experiências.
Muito já se falou sobre este tema e, ainda assim, continua a ser uma dimensão que surge muito frequentemente como causa de um mau estar crónico na vida de quem vivencia uma visão pouco positiva de si próprio ou do seu valor.
Mas porque será assim?
A autoestima corresponde à visão que temos das nossas características pessoais e traduz-se na nossa perceção de valor pessoal, moldando a forma como nos vemos, nos sentimos e nos comportamos. Mas, não é algo inato ou geneticamente determinado. Pelo contrário, ela é aprendida e influenciada, entre outros aspetos, pelas nossas experiências ao longo do nosso desenvolvimento.
Por exemplo, a vivência de bullying, rejeição, críticas constantes, trauma, comparação social (padrões irreais de perfeição), entre outras experiências, pode afetar negativamente a visão que temos de nós próprios.
A autoestima assenta em alguns pilares fundamentais, que são essencialmente o autoconceito (ou seja, a forma como nos definimos e o que pensamos sobre nós mesmos), a autoimagem (que opinião temos da nossa imagem ou aparência física), a autoeficácia (que corresponde ao grau de confiança que temos em nós para concretizar objetivos e atingir metas) e o auto reforço (a capacidade para nos auto premiarmos ou elogiarmos).
Mas é possível melhorar a autoestima?
A resposta é SIM! Sendo a autoestima influenciada pelos fatores descritos acima e um traço aprendido e não inato, a boa notícia é que é possível mudar estes padrões de pensamento negativo.
Exigirá persistência e muita disciplina, mas, se pensarmos que passamos por vezes várias décadas a construir uma autoimagem negativa, será compreensível que seja necessário algum esforço e tempo para alterá-la.
Então o que podemos fazer para treinar a visão que temos de nós próprios a ser menos crítica?
Primeira dica: Fazer uma lista de coisas que gosta de fazer
Por exemplo, enumere 10 coisas que gosta de fazer ou que gostava de fazer, mas que atualmente não faz, ex: ler ou ver uma série. E a partir desta lista, comprometa-se durante dois dias na semana, a fazer pelo menos uma das atividades por pelo menos uma hora.
Reconecte-se com hobbies e atividades que lhe tragam prazer.
Segunda dica: Prende-se com o treino para reconhecer os seus pontos positivos.
Isto porque se experiencia uma baixa autoestima, é possível que tenha tendência para se focar nas características que julga que não são tão boas ou nas coisas que correm mal.
Então, é fundamental que faça o esforço para se focar nos seus pontos positivos.
Caso tenha dificuldade em identificar os seus pontos positivos, pode voltar à lista das 10 coisas que gosta de fazer e identificar a partir daí as qualidades ou competências que poderão estar relacionadas com essas atividades e aí identificar quais as suas características positivas. Por exemplo, se colocou como uma das atividades que gosta de fazer na lista, ver séries, provavelmente uma das qualidades associadas será a capacidade de concentração.
É importante não julgar as suas qualidades nem fazer comparações com outras pessoas.
A partir deste ponto, pode criar algumas afirmações sobre si mesmo, que têm de ser muito específicas e concretas, procurando associar um contexto ou comportamento à característica. Isto é, em vez de afirmar apenas sou um bom filho(a), tente ser mais específico, mencionando por exemplo, sou um bom filho(a) porque estou presente na vida dos meus pais e dou-lhes o suporte necessário.
Depois de construir estas afirmações, o desafio é lê-las diariamente para que possa ir recordando estas características todos os dias. Este exercício traz uma rotina de atenção aos aspetos positivos, e ajuda a contrariar a tendência natural que muitas vezes existe de nos focarmos sobretudo nos aspetos negativos ou no que corre mal.
Por fim, a terceira dica é criar um diário da autoestima, em que deve parar para reconhecer as pequenas coisas no seu dia-a-dia que correram bem, coisas que fez e que correram como gostaria e atitudes de que se orgulha. Fazendo o esforço, claro está, para se focar nos aspetos positivos e concentrar-se nas conquistas, qualidades e experiências positivas.
Estas três dicas juntas poderão ajudar a formar a base para começar a trabalhar a sua auto valorização e poderão contribuir para a sua autoestima.
De qualquer modo, devemos ter em conta que pessoas que estejam a passar por situações de maior stress, ansiedade ou sintomatologia depressiva poderão ter mais dificuldade em ver estes aspetos positivos das suas características, o que é perfeitamente natural.
Se sentir que não está a conseguir sozinho, ou que precisa de ajuda, um Psicólogo pode ajudar.
Estou disponível para ajudá-lo (a) no seu percurso de autodescoberta, desenvolvimento e a superar desafios.